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Um laboratório piloto voltado ao setor de plantas aromáticas e à extração de óleos essenciais, batizado de “Agroindústria de Extração de Óleos Essenciais”, foi inaugurado em dezembro do ano passado na Fazenda Santa Elisa, pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A iniciativa amplia a capacidade de desenvolvimento de produtos e processos para aplicação pela indústria brasileira, em setores como cosméticos, higiene e limpeza, fármacos, alimentos, entre outros.

Além de ampliar a gama de inovações a partir de plantas já conhecidas pela ciência, o novo espaço vai permitir pesquisas relacionadas a espécies que ainda não foram estudadas, vindas principalmente da Mata Atlântica e da Amazônia. “Abre-se um universo para a pesquisa de plantas e flores, tanto para a extração de óleos como para o desenvolvimento de inovações que vão além do que é feito atualmente”, adiantou Eliane Fabri, pesquisadora do IAC e diretora do Centro de Horticultura da instituição.

A pesquisadora destacou que o laboratório piloto, que já começou a funcionar, vai permitir a expansão das atividades científicas e reforçar a prestação de serviços a pequenos produtores. Os trabalhos poderão, inclusive, partir para investigações com plantas exóticas. “Esta nova estrutura vai permitir, por exemplo, que essências importadas e caríssimas possam ser adaptadas para o nosso clima e solo, garantindo produção no país e abertura de inovações viáveis economicamente”, disse Eliane. A medida ajudaria a aliviar a balança comercial e traria empregos e riquezas ao Brasil.

Eliane explicou que um novo secador metálico solar/elétrico, obtido com recursos de parceria público-privada, vai auxiliar no processamento de plantas aromáticas, que necessariamente precisam de secagem para viabilização da extração do óleo essencial. Esse método é aplicado, por exemplo, com a camomila e o patchouli. “Mas o secador também terá a função no estudo de plantas medicinais para obtenção de extratos e fitoterápicos e também em relação a plantas condimentares e chá”, comentou.

Segundo a cientista, esse upgrade nas instalações vai propiciar condições para atender anualmente 200 processos, dobrando a capacidade atual. Além de qualificar anda mais o aspecto tecnológico, a nova estrutura proporcionará maior agilidade às atividades. “Para cada processo, dependendo da quantidade de material a ser analisado, leva-se um dia de trabalho para concluir”, exemplificou a cientista. “Será um salto para novas pesquisas com outras plantas. Poderão ser feitas pesquisas mais inovadoras”, explicou.

Um exemplo é a pesquisa com a flor do ylang ylang, que produz um óleo muito usado em perfumes e produtos cosméticos para o cuidado da pele, do cabelo e do couro cabeludo. Também é eficaz no tratamento da acne e das manchas, já que estimula a renovação celular. É muito usado também para auxiliar no tratamento da depressão e tem propriedades calmantes que ajudam a aliviar o estresse, a tensão nervosa e muscular e a acalmar as palpitações, promovendo assim relaxamento e aumentando o ânimo. Além disso, este óleo essencial também pode ser usado para ajudar a tratar a hipertensão e a hiperventilação.

Atender à diversificação

O laboratório de pesquisa do IAC deverá atender a um leque diversificado de interesses da indústria. Eliane disse que, em geral, as plantas e a extração do óleo essencial são produzidas por agroindústrias de pequeno porte, instaladas em sua maioria em pequenas propriedades. Entretanto, também existem unidades fabris maiores, de médio e grande porte, que atuam no segmento. “Existem empresas que adquirem óleos essenciais dessas agroindústrias e os utilizam como matéria-prima para outros produtos, como perfumes, cosméticos, alimentos e bebidas, medicamentos e químicos”, afirmou Eliane.

Dentre os desafios desse setor está a necessidade do fortalecimento da cadeia de produção e a melhoria da interlocução com os diversos elos. “É preciso fortalecer a cadeia de produção e encarar a competitividade com os óleos essenciais importados. A falta de conhecimento sobre os aspectos regulatórios do negócio é outro fator a ser difundido”, comentou a pesquisadora.

O número de produtores de óleos essenciais no Brasil ainda é incerto, devido à carência de informações mais detalhadas sobre o setor. “Por isso, o IAC está realizando um trabalho diferenciado junto ao setor, por meio de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em parceria, para de fato estruturar um programa dedicado ao desenvolvimento de tecnologias agrícolas para o segmento de aromáticas”, diz Eliane.

No Brasil, há óleos essenciais provenientes de cultivos consolidados de citronela, lima e eucalipto ou provenientes de espécies nativas brasileiras, como pau-rosa, com preços mais elevados em relação aos importados. As principais matérias-primas são laranja, limão, eucalipto, lima, folha de trevo, hortelã e citronela. As principais plantas aromáticas cultivadas no Brasil são: melaleuca, alecrim, lavanda, camomila, funcho, capim-limão, citronela, gerânio, lavanda, orégano, tomilho, manjericão, louro, manga, erva-baleeira, goiaba, pimenta-rosa, cravo, canela, gengibre, açafrão, zedoária, mil folhas, vetiver e patchouli.

Fonte: Correio Popular

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