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Na sexta-feira (18), homens e mulheres em situação de rua de São Paulo puderam conhecer uma parte da coleção científica dos museus do Parque da Ciência Butantan durante o Festival PopRua, evento voltado a essa população que aconteceu de 16 a 18/8 no bairro do Bom Retiro com diversas atividades culturais e educativas. A ação foi idealizada pelo Museu da Língua Portuguesa e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc).

“O objetivo do Butantan no PopRua é trazer serviços, informações, saúde pública e acesso científico para a população de rua. Esse tipo de iniciativa é importante porque essas pessoas também precisam ter acesso aos serviços e conhecimentos como qualquer cidadão”, comentou a supervisora cultural do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas (MUSPER), Elisandra Gasparini.

De acordo com um estudo de 2022 do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), o Brasil possui mais de 280 mil pessoas vivendo nas ruas.

O Butantan levou ao festival a atividade “O mundo invisível” com a participação dos museus Biológico, de Microbiologia e MUSPER. Foram exibidos alguns exemplares de escorpiões e passadas orientações sobre como se prevenir de acidentes com o animal. A região da Luz, onde o evento aconteceu, tem uma grande incidência de acidentes com o aracnídeo. Segundo a Prefeitura de São Paulo, nos últimos cinco anos, mais de 41 mil escorpiões foram coletados pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) em São Paulo.

O público também teve a oportunidade de observar e conhecer a diversidade de microrganismos, como bactérias, protozoários e fungos em lâminas e modelos 3D de microscópios.

Para Leandro Santos, de 50 anos, foi uma oportunidade para adquirir conhecimento e se distrair por algumas horas. “Eu estou achando o evento ótimo porque é uma ajuda muito grande para nós que moramos nas ruas. Pensei em vir para cá porque assim eu fujo das drogas e troco experiências com pessoas como as do Butantan. Achei muito interessante porque eu nunca tinha visto fungos e bactérias nos microscópios”, disse.

Já Darlison Pereira Silva, de 30 anos, celebrou a possibilidade de ter acesso a uma programação diferente, alimentação e até mesmo uma sessão de embelezamento. “Hoje é a primeira vez que estou participando de um evento como esse e achei tudo muito legal. O que o Butantan trouxe aqui foi um conhecimento para mim, eu não sabia que as bactérias são invisíveis e pude olhar em um microscópio pela primeira vez. Também consegui cortar meu cabelo e fazer uma refeição gostosa”, comemorou.

Mais acesso à cultura 

Durante os três dias de evento foram oferecidos shows, peças de teatro, alimentação gratuita, rodas de conversa, espaços de jogos e pintura, oficinas, posto de vacinação, consultório médico, cabeleireiro e embelezamento, cuidados veterinários e até mesmo um pet truck para os bichos companheiros das pessoas em situação de rua.

“Me sinto realizada em poder trazer um pouquinho da divulgação científica para essas pessoas que têm pouco acesso. Conseguimos fazer o trabalho que tanto sonhamos, que é levar as atividades dos museus para fora do Parque da Ciência. É, de fato, uma realização grande trazer o conteúdo para a população de rua”, celebrou a educadora do Museu Biológico Luana Lima.

A bióloga e educadora do Museu Biológico Amanda Brambilla dos Santos destacou também o ambiente de troca que o evento possibilitou tanto para o público quanto para os expositores.

“É um espaço para que eles tragam a vivência e o conhecimento deles. Foi muito importante ter esse contato direto. No final das contas, o que precisamos é de solidariedade, de diálogo e de troca de ideias”, comentou.

Com informações do Instituto Butantan

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