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Em seu livro Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia (2017), a geógrafa Larissa Bombardi, doutora em Geografia pela USP, faz um alerta: o Brasil é atualmente um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo e isso tem acarretado uma série de prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana.

Em relação à saúde, dados levantados pela geógrafa apontam que, nos últimos sete anos, mais de 25 mil pessoas foram intoxicadas pela ação de agrotóxicos no Brasil. Por dia, cerca de oito pessoas são atendidas com sinais de intoxicação causada por este tipo de produto. É registrada uma morte a cada dois dias e meio.

Em São Paulo, a Ação SP Orgânico, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), desenvolvida pela Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica (UPDAE/Apta Regional), em São Roque, é um dos programas governamentais que tem feito a sua parte no fortalecimento e disseminação da agricultura ecológica. Criado em 2013, o programa incentiva a agricultura orgânica com redução de insumos químicos e oferta de produtos mais seguros e saudáveis aos consumidores. O procedimento é feito por uma linha exclusiva de financiamento para agricultura orgânica, que permite o acesso aos recursos necessários para a implantação de culturas orgânicas em pequenas propriedades.

Segundo o engenheiro agrônomo Dr. Sebastião Wilson Tivelli, membro da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) e um dos técnicos da SAA que coordenam a Ação SP Orgânico, foram promovidas oficinas, palestras, seminários, cursos, visitas técnicas e orientação direta em campo que alcançaram, desde o início do programa, mais de 8 mil produtores ou interessados em agricultura familiar. Como consequência, o Estado de São Paulo registrou um aumento considerável de pequenos produtores de alimentos orgânicos nos últimos três anos: de 1.361 produtores em 2015 para 2.194 em 2018.

“Hoje temos agricultura orgânica em 287 municípios do estado – o que representa 44,5% do total do nosso território. Com o aumento da produção, verificou-se também aumento da demanda. Seis em cada dez consumidores (63%) preferem verduras orgânicas e um em cada quatro (25%) optam por frutas e legumes produzidos sem agrotóxicos”, diz Tivelli. A Cooperativa Agrícola de Ibiúna (Caisp), responsável por abastecer todo o estado com produtos orgânicos, faturou mais de R$ 55 milhões em 2017, sobretudo com as vendas em supermercados e feiras.

Ações como esta, segundo o agrônomo, contribuem não só com a economia dos municípios e do estado, ao proporcionar geração de emprego e renda, mas também para com a saúde dos consumidores, que passam a ter uma oferta maior de alimentos produzidos sem agrotóxicos. “Este é um assunto que começou a despertar interesse das pessoas há relativamente pouco tempo. Quanto mais consciência tivermos da importância de valorizar a agricultura familiar, mais produtores surgirão”, avalia Tivelli.

Bruno Ribeiro

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