adegue

A situação da dengue no país é alarmante, com um aumento significativo de casos em diversos estados nos últimos meses. O país já ultrapassou a marca dos 150  mortos pela doença e tem 700 mil habitantes infectados. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 22 de fevereiro, a história da doença no Brasil remonta a períodos anteriores, destacando a recorrência do problema ao longo dos anos.

A relação entre o aumento da dengue em diferentes regiões e as mudanças climáticas é uma preocupação evidente. Reportagens, como a destacada na revista Carta Capital de 08 de fevereiro de 2024, ressaltam que a proliferação do Aedes aegypti está intrinsecamente ligada às alterações climáticas. Embora a introdução de vetores infectados possa ser uma medida preventiva importante, é crucial avaliar seus impactos ambientais para evitar desequilíbrios no ecossistema. Porém a questão ambiental é mais complicada e exige visão e investimentos a longo prazo. Como informou Carta Capital, “Diante deste novo e desafiador cenário, o Brasil ainda não tem um protocolo para mitigar os impactos da dengue, assim como já aconteceu com outras infecções graves, a exemplo da poliomielite”.

Com isso, sobressai a responsabilidade do jornalismo em fornecer uma cobertura completa e complexa dos assuntos de saúde pública e suas interconexões socioambientais.

No artigo científico Dengue, Zika e Chikungunya: Análise da cobertura do risco de doenças associadas às mudanças climáticas sob a ótica do Jornalismo Ambiental, escrito por pesquisadoras do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS), avaliando o papel do jornalismo diante de surtos de 2015 e 2016, indicou-se a importância da comunicação para a percepção de riscos, como oportunidade para que os públicos entendam fatores causadores e maneiras de superação.

Para que as pessoas compreendam as suas realidades e os perigos da doença, o jornalismo tem como função social colaborar com os alertas, dar informações e instruções, tanto quanto possível, para diminuir o número de pessoas afetadas. Por outro lado, também as reportagens trazem denúncias e análises sobre o sistema de saúde, em que os órgãos públicos precisam dar respostas e trazer segurança para a população.

Entre outros fatores de importância nesta questão, é fundamental entender as responsabilidades de todos os possíveis envolvidos. O que cada cidadão pode fazer quando estamos diante de um risco à saúde e a vida das pessoas também importa ser discutido. Por isso, o jornalismo é considerado um ator imprescindível para atenuar questões de saúde pública e surtos de doenças, em conjunto com outros setores da sociedade, conclamando os cidadãos a fazerem a sua parte, quando traz informações vitais para o controle dos locais de reprodução dos mosquitos vetores da transmissão.

No entanto, é necessário ir além da simples cobertura dos surtos, considerando permanentemente os aspectos ambientais e as responsabilidades públicas na abordagem da saúde. A prevenção da dengue deve começar muito antes do aumento dos casos, envolvendo a preservação dos ecossistemas, a melhoria das condições de vida nas cidades e periferias e a mitigação das mudanças climáticas.

O Jornalismo Ambiental desempenha um papel fundamental na comunicação de riscos associados ao meio ambiente, incluindo doenças como a dengue. É essencial que o público compreenda os fatores que contribuem para essas doenças e como enfrentá-las. A cobertura jornalística sobre a dengue evoluiu ao longo do tempo, reconhecendo cada vez mais a influência das mudanças climáticas nos surtos da doença. Porém, um passo ainda a ser dado pela sociedade brasileira é atuar na prevenção mais que na contenção de danos. E pelo jornalismo, da mesma forma, propor pautas que tratam da diminuição de desigualdades sociais e desequilíbrios ambientais de forma permanente, e, orientados pelo princípio da precaução, levar em consideração a possibilidade de atuar antes que as crises se estabeleçam.

Fonte: Isabelle Rieger e Claudia Herte de Moraes, para O Eco

Compartilhar: