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HPV (papilomavírus humano) é responsável por quase 100% dos casos de câncer de colo do útero – doença que mata 300 mil mulheres anualmente. O vírus também pode causar câncer de ânus, pênis, vagina, vulva e orofaringe. A boa notícia é que, desde 2006, existe uma vacina capaz de proteger contra a infecção pelo HPV. No Brasil, ela está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos, meninos dos 11 aos 14, e homens e mulheres imunossuprimidos ou pacientes oncológicos de até 45 anos.

O imunizante é administrado em mais de 50 países e tem segurança e eficácia comprovadas para reduzir casos de câncer causados por HPV e lesões pré-cancerosas. Mesmo assim, muita desinformação ainda cerca a vacina e provoca inseguranças na população. No mês de conscientização sobre o câncer de colo de útero promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), conheça os principais mitos relacionados à vacina contra o HPV:

NÃO incentiva o início da atividade sexual

A vacinação contra o HPV não tem nenhuma relação com o incentivo à atividade sexual. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), diversas pesquisas já mostraram que adolescentes imunizados contra o vírus não são mais propensos a começar a vida sexual precocemente do que aqueles não vacinados.

Um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que jovens residentes em estados que faziam campanhas de vacinação contra o HPV não tinham uma vida sexual mais ativa do que aqueles vivendo em outros estados. Outra pesquisa, da Universidade de Michigan, apontou que a vacinação não está associada a maior probabilidade de início da atividade sexual e nem ao aumento no número de parceiros.

A recomendação de aplicar a vacina na faixa etária de 9 a 14 anos se deve ao fato da resposta imune ser comprovadamente mais eficaz nessa idade. Além disso, serve justamente para proteger crianças e adolescentes antes de iniciarem a atividade sexual (que é o principal meio de transmissão do HPV).

NÃO causa convulsões e outros problemas neurológicos

Nos 30 mil voluntários que participaram dos ensaios clínicos da vacina do HPV e em 17 anos de acompanhamento das 300 milhões de doses já aplicadas no mundo, não foi identificada nenhuma evidência de que o imunizante cause convulsões ou outros problemas neurológicos. Segundo uma revisão sistemática conduzida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) com 30 mil indivíduos, os efeitos adversos mais frequentes são dor e inchaço no local da injeção, fadiga, febre, sintomas gastrointestinais e dor de cabeça.

No Brasil, casos ocorridos no Acre desde 2014 com meninas que apresentaram convulsões e desmaios após tomarem a vacina do HPV ganharam as manchetes e causaram medo nos pais. As adolescentes foram encaminhadas ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e, após um monitoramento intensivo da atividade cerebral e diversos exames laboratoriais, os pesquisadores concluíram em estudo que se tratava de reações psicogênicas, associadas a intenso estresse emocional e medo da injeção, e que dois dos casos (de irmãos) eram de epilepsia de origem genética. Nenhuma associação biológica foi encontrada entre a vacina e os problemas clínicos apresentados pelas pacientes.

Vale ressaltar que reações psicológicas desse tipo são comuns em adolescentes e já foram reportadas para outros imunizantes, mas são passageiras. A bula da vacina do HPV informa que, embora episódios de desmaio sejam raros, os pacientes devem ser observados por 15 minutos após receberem o imunizante.

NÃO causa infertilidade

Já foi comprovado por meio de diferentes estudos, incluindo uma revisão sistemática publicada no início deste ano na Vaccines, que a vacina do HPV não causa infertilidade. Essa preocupação foi levantada após alguns relatos de insuficiência ovariana prematura (IOP) em adolescentes que haviam tomado o imunizante e ajudou a fortalecer o movimento antivacina. No entanto, foi observado que a incidência do problema é a mesma em meninas imunizadas e não imunizadas. Outro estudo publicado na Pediatrics analisou cerca de 200 mil mulheres e não identificou risco elevado de IOP naquelas que haviam tomado a vacina.

Segundo o Comitê Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados mostram que não existe uma associação entre a vacina do HPV e a infertilidade. “O perfil de segurança do imunizante continua sendo extremamente favorável e consistente com o que foi observado nos estudos clínicos”, informou em nota oficial em 2019.

NÃO aumenta o risco de coágulo no sangue

Casos de tromboembolismo venoso (formação de coágulos na corrente sanguínea) também não estão associados à vacinação pelo HPV. Um estudo americano que analisou 156 casos mostrou que a maioria tinha fatores de risco conhecidos, como uso de anticoncepcional oral, obesidade e hipercoagulação, e que pessoas imunizadas não apresentaram maior risco de desenvolver a condição do que indivíduos não vacinados. Outra pesquisa conduzida na Dinamarca chegou às mesmas conclusões.

NÃO é destinada apenas às meninas

Meninos e homens também devem ser protegidos contra o HPV, já que correm o mesmo risco que as mulheres de se infectar ao longo da vida, e também são importantes transmissores do vírus. Além disso, os homens têm 20 vezes mais chance de sofrer uma reinfecção do que as mulheres.

No público masculino, o HPV pode causar câncer de pênis, ânus e orofaringe. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), pelo menos 15 mil casos de câncer por ano em homens são causados por HPV. Uma revisão sistemática que analisou 16 estudos e 18.106 indivíduos mostrou uma prevalência de 49% de HPV em homens.

Fonte: I. Butantan
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