boitello

É com muita tristeza que a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) recebeu a notícia do falecimento do pesquisador João Batista Baitello, que tanto contribuiu com o estudo e o desenvolvimento da botânica no Brasil.

No dia 16 de junho deste ano, colegas de trabalho realizaram uma homenagem ao pesquisador em comemoração ao seu 75º aniversário. A solenidade teve a presença de dirigentes e servidores ativos e aposentados e aconteceu no Parque Estadual Alberto Löfgren, na zona norte da capital paulista.

Publicamos abaixo trechos do texto originalmente divulgado no site do IPA.

História, Ciência e Botânica

O pesquisador João Batista Baitello ingressou no Instituto Florestal (IF) em 1976. Durante o evento, relembrou do início de sua carreira e da missão que lhe foi dada pelos dirigentes do então Instituto Florestal: o resgate das exsicatas do Museu Florestal “Octávio Vecchi”.

Após um período de reorganização e melhoria da infraestrutura da instituição, denominada Serviço Florestal à época, teve início, em 1927, uma modesta coleção de exsicatas junto ao Museu Florestal, setor que concentrava as principais pesquisas do órgão. Deram início à coleção o engenheiro silvicultor polonês Mansueto Koscinski e agrônomo português Octávio Vecchi. Em 1931, a coleção foi indexada no Index Herbariorum. Em 1932, com o falecimento de Vecchi, Koscinski dá continuidade aos acervos do herbário e do Museu. Dirigido por Koscisnki, o Museu foi transformado em seção técnica de silvicultura entre as décadas de 1930 e 1940. Em 1942, é contratado o biologista Dom Bento José Pickel, monge beneditino que colabora na ampliação do acervo e desenvolve importantes pesquisas botânicas e silviculturais para a flora brasileira. Em 1951, com a morte de Koscinski, Pickel assumiu a chefia do Museu. Em 1960, se aposenta, deixando 5.515 exsicatas. Após a chegada de Baitello à instituição, o herbário foi transferido para outro edifício. Atualmente, a coleção possui mais de 55 mil exsicatas.

Amigos e autoridades presentes

A celebração contou com a presença de muitos colegas que acompanharam e participaram da trajetória de Baitello na instituição. Iniciaram as falas Maria Margarida da Rocha Fiuza de Melo e Mizué Hirazawa, pesquisadores aposentados do Instituto de Botânica que atuaram junto com o homenageado. Francisco de Assis Honda, representante da Fundação Florestal, anunciou que o auditório do Parque Estadual do Juquery, em Franco da Rocha, onde o Baitello desenvolveu muitos trabalhos, receberá o nome do pesquisador do IPA e de seu colega de herbário Osny Tadeu de Aguiar. Hideyo Aoki, pesquisador aposentado do IF, ressaltou o amor do pesquisador pela instituição e se manifestou contrário à extinção da instituição. “O Instituto Florestal é nossa casa”, declarou Aoki. Marcelo Sodré, coordenador do IPA, instituição resultante da fusão do IF com os institutos de Botânica e Geológico, em sua fala, comentou o episódio.  “Se perderam os nomes, mas a missão continua no trabalho que os pesquisadores e técnicos continuam fazendo”, ponderou. Frederico Arzolla, pesquisador da instituição que já participou da descoberta de uma nova espécie junto com Baitello, comentou sobre a importância do IF na produção do conhecimento científico. Jonatas Trindade, subsecretário de Meio Ambiente da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL) do estado de São Paulo também esteve presente. Em sua fala, ressaltou a importância das instituições de pesquisa científica para o estado de São Paulo, pois o conhecimento ali produzido embasa a tomada de decisões e a implementação de políticas públicas.

Além de dirigentes do IPA, o evento contou ainda com a presença de seis ex-diretores gerais do Instituto Florestal. Rodrigo Victor, ressaltou a importância da homenagem e a classificou como meritosa e necessária. Mauro Victor, além de elogiar Baitello em sua dimensão humana, destacou sua atuação na pesquisa científica e nas identificações botânicas. Régis Guillaumon, relembrou o início do trabalho de Baitello na instituição, com as exsicatas do Museu Florestal. Já Guenji Yamazoe adotou um tom bem humorado para trazer memórias dos trabalhos financiados pela Agência Internacional de Cooperação do Japão (JICA) em que o pesquisador participou em Assis e Paraguaçu Paulista, contando que Baitello sempre sabia quais eram os melhores lugares para se comer. Também contou que o amigo sempre carregava um isopor para trazer de volta da viagem de Assis o que, segundo ele, era o melhor sorvete. Outros ex-diretores gerais do IF presentes foram Francisco Sério e Luis Alberto Bucci, que realizou o cerimonial do evento.

Baitello já descobriu 11 espécies botânicas

Com quase meio século de trabalho no Instituto Florestal, o pesquisador científico possui em seu currículo a descoberta e descrição de 11 novas espécies:

Além disso, no ano de 2017 Baitello foi premiado com a medalha Alba Lavras, concedida pela Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) a quem tenha se destacado em favor da Ciência. Em 2020, publicou o livro “O Passado Magnífico da Ilustração e da Pesquisa Científica no Serviço Florestal do Estado de São Paulo: 1942 a 1960”, que faz uma retrospectiva de um período de 18 anos de produção técnico-científica e artística da instituição, reunindo centenas de ilustrações botânicas e fotografias históricas.

Com informações do IPA
Compartilhar: